Autor: GG Albuquerque

Jornalista e mestrando em Estéticas e Culturas da Imagem e do Som pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Trabalhou como repórter cultural do Jornal do Commercio e da Folha de Pernambuco, escreve o blog volume morto e colabora com a Vice Brasil, Portal Kondzilla e Outros Críticos.

18 de novembro de 2019 /

Nos anos 1930, a primeira escola de samba, a Deixa Falar, localizada no bairro do Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, vivia um momento de crescimento, com mais e mais gente saindo às ruas no dia de desfile. A expansão trouxe consigo um problema: nem todos os foliões conseguiam ouvir a música que estava sendo tocada. Com intenção de resolver este problema, o compositor Alcebíades Barcelos, o Bide, lançou mão de suas habilidades técnicas como sapateiro e “encourou” uma…

9 de fevereiro de 2019 /

“Estamos nos aproximando cada vez mais de um som-ruído”, escrevia Luigi Russolo, ainda em 1913, em seu manifesto “The Art Of Noises”. Para o pintor e compositor futurista, as máquinas da revolução industrial trouxeram com elas o ruído para o espaço sonoro: “Não somente na atmosfera estrondosa das grandes cidades, mas também no campo, que até ontem era normalmente silencioso, as máquinas hoje criaram tanta variedade e concorrência de ruídos, que o som puro, na sua exiguidade e monotonia, não…

9 de fevereiro de 2019 /

“Como procurar fendas numa sociedade que se tornou um programa de computador? Como desprogramar essa máquina?”, se pergunta Leonardo Gonçalves, o Negro Leo, em entrevista ao Canal Curta! Sobre seu novo disco, Niños Heroes. A Terra parece lenta demais para o computador. Enquanto a ebulição do “mistifório das velocidades sexuais” e das “velocidades rápidas cheias de nexos policiais” proliferam fenômenos e seres híbridos, que embaralham os polos de natureza e cultura e cronologias, a modernidade persiste em seu trabalho de…

12 de dezembro de 2016 /

Em “Depois Que o Nove Virou Seis”, uma das faixas principais de seu novo álbum, Ó (YB Music com patrocínio da Natura Musical), Juliana Perdigão delineia uma síntese de sua arte e de sua própria biografia. Como uma exaltação ao processo criativo contínuo e permanente, ela canta: “Tá tudo em mim, minha voz, meu canto/ Tá tudo bem aqui, o que é e o que era/ Tá tudo em mim, eu só não sei se é paz ou guerra”. Mineira…

1 de dezembro de 2015 /

por Gabriel Albuquerque. O drone é um gênero de música minimalista caracterizado pelo uso de clusters e notas prolongados ao máximo, criando um som repetitivo, com algumas leves variações harmônicas. Desenvolvido na segunda metade da década 1960 a partir de artistas como Terry Riley, Eliane Radigue e principalmente La Monte Young e seu grupo Theater Of Eternal Music, a sonoridade é diretamente ligada ao mantra e ao estado de transe e meditação. O trio carioca Bemônio leva ao drone as…

12 de outubro de 2015 /

por Gabriel Albuquerque. A contemplação do belo, o lirismo e noções de beleza estética são critérios recorrentes na apreciação musical – “que emocionante, que música bonita!”. Caminhando na contramão desse trajeto, uma movimentação recente de músicos e bandas de São Paulo questiona essas noções convencionais, abrindo novas possibilidades para o degastado formato canção. Influenciados pelos vanguardistas da Lira Paulistana do fim da década de 1970 e meados de 1980, como Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé, as bandas Metá Metá e…