Uma fotografia, feita em 1865, retrata o jovem Lewis Payne. Ele tentara assassinar o Secretário de Estado dos Estados Unidos, W. H. Seward. O fotógrafo Alexander Gardner encontrou Payne algemado na cela, aguardando o momento em que seria enforcado. Sobre ela, Roland Barthes escreveu: “Eu leio ao mesmo tempo: isso vai acontecer e isso já aconteceu”. O estupor: Payne vai morrer, Payne já está morto. Olhe nos olhos de Payne. O cinema é como ele. O cinema é a morte…
Autor: Paulo Cunha
Nasceu no Recife, em 1956. Ainda estudante secundarista, participou, a partir de 1973, do ciclo de cinema super-8 do Recife, realizando curtas experimentais. É graduado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e foi repórter, crítico de cinema e editor, entre outros, no Jornal da Cidade, Jornal da Tarde [SP], O Estado de S. Paulo e Jornal do Commercio. Também foi editor de criação na Rede Globo de Televisão. Tem Doutorado em Artes na Universidade de Paris I – Panthéon-Sorbonne. Professor na Universidade Federal de Pernambuco, ensina no Bacharelado em Cinema e Audiovisual e no Programa de Pós-graduação em Design. Publicou “A Aventura do Baile Perfumado: vinte anos depois” (2016, com Amanda Mansur), “A Imagem e seus Labirintos: o cinema clandestino do Recife, 1930-1964” (2014) e “A Utopia Provinciana: Recife, Cinema, Melancolia” (2010).
Antonio Cícero agora é acadêmico. Será bom? Não importa. Bom é o poema Desejo: Só o desejo não passa e só deseja o que passa e passo meu tempo inteiro enfrentando um só problema: ao menos no meu poema agarrar o passageiro. Corta. Exterior. Dia. A missa de despedida de Michel de Certeau foi comovente, na fria manhã de inverno de 9 de janeiro de 1986. Na época, eu preparava meu doutorado. Durante a cerimônia de adeus, a pedido dele,…
A mais bela frase já pichada num muro é a seguinte: “Sous les pavés, la plage.” É como dizer: o mais belo plano do cinema é aquele do varal de roupas balançando no vento em Ordet, de Dreyer. Ou que a coisa mais linda feita com tintas foi a tela Sobre a cidade (1924), de Marc Chagall. Ou que nada, nada mesmo, no rock, pode ser comparado à introdução de Sympathy For The Devil, algo que acontece ali, logo antes…