Para quem está longe dos (Ar)Recifes, parece que nosso universo musical está restrito ao frevo do carnaval, ao patrimônio Mangue e aos três grandes festivais que marcam o calendário “turístico-musical” da cidade: Abril Pro Rock, Coquetel Molotov e Rec Beat. Recentemente, tivemos a abertura de nosso ano sazo-musical: o Festival Abril Pro Rock. Apesar do nome, o evento consegue unir roqueiros, popeiros e indie(gestos). Como é useiro e vezeiro no Recife, há um clima de bochicho numa crítica à curadoria…
Categoria: Coluna
(um breve apontamento sobre o fazer crítico escritural) o trato com obras de arte, sim, pois acredito fortemente que a música seja de uma outra ordem que não a do puro entretenimento (ainda que também lhe caiba esse papel na medida em que não devore toda a potência da experiência estética frente à necessidade neurótica do receptor), merece atenção e cuidado. mesmo com todo um processo constante e inevitável de hibridação de linguagens nos diversos campos da arte, o fazer…
Paperbag é uma série de entrevistas que omite a real identidade dos entrevistados para que o leitor se atenha – em primeira instância – ao conteúdo das respostas sem associá-las diretamente a alguma pessoa ou contexto, com isso cada entrevistado é convidado a escolher seu próprio codinome e algumas palavras são suprimidas. Todo mês entrevistaremos uma personalidade pública de relativa relevância e atuação na cadeia produtiva musical local e nacional. Há quantos anos você tem produção efetiva na música?…
Diálogos é uma série de conversas realizadas com personalidades pensantes. O segundo texto é um papo que eu tive com o músico Zeca Viana. A ideia central do projeto é subverter os posicionamentos estabelecidos nas entrevistas usuais, em que o entrevistador faz as perguntas, mas não responde, e em que o entrevistado responde às perguntas roteirizadas pelo entrevistador, mas não pergunta. Dessa maneira, uma questão é lançada no início do debate para direcionar os argumentos, mas depois, os rumos que…
DEDICATÓRIA O calor louco atravessava paredes e se jogava sobre a pele, pegajoso. Ele pensou em sondá-la sobre o que exatamente a cabeça dela martelava. E martelava. Alguns meses juntos. Não significava nada. Ou melhor, significava muito. O avô dizia que, às vezes, se conhece alguém pra vida toda em poucos dias. Pena ter ignorado isso anos atrás, pena ter ignorado muitas outras coisas anos atrás. O destino derrapou, dizia a ela, aconteceu algum desvio, quando alguém mexe nos trilhos…
Há um indivíduo soturno e sorumbático que ronda botecos e casas de shows má afamadas na cidade do Recife. É um estranho híbrido que mescla smurf ranzinza, Rob Fleming (o dono da loja de discos de Alta Fidelidade) e o Pateta de Walt Disney. Apesar de gostar de Matheus Mota e Ex-Exus, ele se sente excluído quando o jornalista Silvio Essinger do O Globo “descobre” a “nova”, velha, cena recifense do Desbunde Elétrico. Não é que esse personagem não goste…
Com o cancelamento do Sónar, anunciado na segunda-feira da semana passada, alegando a “instabilidade do mercado de entretenimento” brasileiro, voltamos para um debate que há algum tempo vem tomando corpo dentro da produção cultural no país: a (possível) crise do mercado. Será que estamos caminhando para uma saturação do ramo de eventos musicais no Brasil? Será que a bolha do mercado de festivais e shows do mercado nacional estourou? Muitos fatores colocaram o Brasil numa posição privilegiada dentro das novas…
Paperbag é uma série de entrevistas que omite a real identidade dos entrevistados para que o leitor se atenha – em primeira instância – ao conteúdo das respostas sem associá-las diretamente a alguma pessoa ou contexto, com isso cada entrevistado é convidado a escolher seu próprio codinome e algumas palavras são suprimidas. Todo mês entrevistaremos uma personalidade pública de relativa relevância e atuação na cadeia produtiva musical local e nacional. Espero que o resultado final deste primeiro ano de coluna…
UM CHAMADO Pensou que a tinham chamado. Talvez fosse a sua tia idosa, instalada no quarto dos fundos. Desde que a doença metera a velha numa cadeira de rodas, ela a solicitava constantemente. Sabia que, na maioria das vezes, não era uma real urgência que motivava seus pedidos, mas a necessidade de conversar, simplesmente ouvir e ser ouvida. Sua paciência já se esgotara. Mas o nome soou de novo. Não, não era a decrépita zia Giovana. Não vinha dos fundos…
Esse personagem estranho do mundo da música não recebe os holofotes da crítica especializada ou da academia. Talvez, isso seja perpassado pelo aspecto negativo que muitos têm diante dessa figura. Para provar isso, podemos até citar o pesquisador e crítico musical inglês, Simon Reynolds, que no seu livro Retromania (2011) afirma que, para ele, os colecionadores eram apenas “loucos que fetichizavam formato e embalagem – vinis coloridos de sete polegadas, versões japonesas de álbuns” (p. 86-87), até que um dia,…
o fazimento dessa escritura não deve ser científica, rígida (já que o seu objeto de estudo/análise se localiza, cartograficamente, no campo da arte). uma escritura que dialogue com seu objeto, que perpasse as sensações e pulsões da obra; que não tente conter ou catalogar desejos, mas que lhes empreste corpo, que lhes proporcione adensamento dar corpo musical-crítico é adentrar, habitar a obra é potencializar (caso haja) suas possibilidades inventivas através da ampliação do seu working space por que traduzir a…
Diálogos é uma série de conversas realizadas com personalidades pensantes. O texto de abertura é um papo que eu tive com o artista plástico, músico e designer, Daaniel Araújo. A ideia central do projeto é subverter os posicionamentos estabelecidos nas entrevistas usuais, em que o entrevistador faz as perguntas, mas não responde, e em que o entrevistado responde às perguntas roteirizadas pelo entrevistador, mas não pergunta. Dessa maneira, uma questão é lançada no início do debate para direcionar a conversação,…