Categoria: Entrevista

19 de janeiro de 2016 /

A música percorre um caminho de inquietação e reverência à palavra e aos sons delirantes das ruas. As relações de poder contaminam os espaços com o desejo explícito de segregar o que não cabe no gesto, nas cercas, nas noções de normalidade. A rua é viva e sem centro. A música é marginal, anormal, louca e deslumbrante. No entanto, torná-la marginalizada com ares de Política Cultural é uma das maiores violências que se pode cometer contra ela. Poeta. Mestre. Maracatuzeiro.…

15 de janeiro de 2016 /

A seção Crítica de Boteco promove a cada encontro um debate sobre temas abordados na revista. Com o tema “História, memória e esquecimento”, esta edição foi fotografada por Camila van der Linden e gravada no Paço do Frevo, no Bairro do Recife, com o designer e pesquisador H.d. Mabuse e o arquiteto e artista visual Lula Marcondes. A mediação foi feita por Carlos Gomes e Marina Suassuna, ambos da equipe principal da revista Outros Críticos. A memória da música Carlos:…

14 de dezembro de 2015 /

por Outros Críticos. A seção Crítica de Boteco é um espaço de discussão sobre temas abordados na revista. Com o mote “O artista veste máscaras”, nos encontramos com o ator e pesquisador Leidson Ferraz e com os poetas e professores de literatura Fábio Andrade e Felipe Aguiar, no Café do Brejo, na Rua do Lima, em Recife-PE. A conversa teve mediação de Fernanda Maia e Carlos Gomes e registro fotográfico de Camila van der Linden. POÉTICAS E MASCARAMENTOS Carlos: Eu…

2 de dezembro de 2015 /

por Carlos Gomes. É curioso que um dos heterônimos mais intrigantes de Fernando Pessoa, aquele que escreve no poema “Tabacaria” os versos: “Quando quis tirar a máscara,/ Estava pegada à cara./ Quando a tirei e me vi ao espelho,/ Já tinha envelhecido”, tenha o mesmo sobrenome de nosso entrevistado. Tal coincidência se revela enriquecedora por Pessoa e suas máscaras-personagens, a exemplo da criação de Álvaro de Campos (ou Toshiro, no caso de Rodrigo), ter uma ligação íntima com a poética…

9 de novembro de 2015 /

A seção Crítica de Boteco promove a cada encontro um debate sobre temas abordados na revista. Com o tema “Corpo, gênero e deslocamentos”, esta edição foi fotografada por Úrsula Freire e gravada no Edifício Texas, no Largo de Santa Cruz, em Recife-PE, com a artista visual Joana Liberal e com a mestranda em psicologia da UFPE, Aida Carneiro, que é integrante do Gema (núcleo de pesquisas em gênero e masculinidades). A mediação foi feita por Karol Pacheco e Fernanda Maia,…

26 de outubro de 2015 /

por Marina Suassuna. Falar de segregação social por meio da sexualidade foi a bandeira levantada pela Textículos de Mary e a Banda das Cachorra, extinto grupo pernambucano de punk rock, enquanto esteve em atividade, de 1998 a 2004. Tão irreverente quanto o conteúdo das músicas eram as roupas e a performance dos integrantes, que uniam crítica e escracho numa atmosfera sórdida, típica do submundo – artifício usado para falar da violência e intolerância com as minorias. Travestidos de mulheres, Chupeta…

7 de outubro de 2015 /

por Bruno Nogueira. Se o frevo fosse uma pintura e a apresentação do Maestro Spok fosse colocada lado a lado de uma de, por exemplo, Maestro Duda, as diferenças seriam gritantes. “Isso que você faz não é frevo” é uma frase que Inaldo Cavalcante de Albuquerque, nascido em Igarassu, ainda escuta. Da primeira vez que vestiu sua orquestra de terno e retirou os passistas e que, mais uma vez, deverá ouvir quando seu terceiro disco de estúdio for lançado exclusivamente…

21 de julho de 2015 /

por Outros Críticos. A seção Crítica de Boteco, da revista Outros Críticos, promove a cada encontro um debate sobre temas abordados na revista. Com o tema “Ruínas e Cultura”, esta edição foi gravada no bar e restaurante Aroeira, no Pátio de São Pedro, em Recife-PE, com a artista visual e pesquisadora Bruna Rafaella Ferrer e o jornalista Renato Lins. A mediação do debate foi feita por Karol Pacheco e Carlos Gomes. Ainda contamos com o registro fotográfico de Igor Marques.…

5 de junho de 2015 /

por Carlos Gomes. A música para Hugo Linns é um estado de vigília. Permanentemente um solitário colhendo as influências que o cercam e reconstruindo uma tradição que não é autorreferente, mas contaminada pelas coisas do mundo. O silêncio dos mais velhos que, mesmo negado, incomoda, mas estimula as experiências para com a música, não dá aos mestres o direito de apontar os caminhos a se seguir – os sons da viola não são rupturas, mas desvios de rota, ou mais,…

15 de abril de 2015 /

por Carlos Gomes. Os olhos estão cada vez mais negros. Escutar é fitá-los sem receio deles nos atravessarem. A voz concentra e expande um punhado de palavras e imagens como rebentação. Estar em seu contato é saber-se perto do precipício. Como de costume, a cantora, compositora e percussionista Alessandra Leão envolve o ouvinte num emaranhando de referências vivas e estimulantemente passíveis de manipulação, não no sentido de pejorativo do termo, mas como matéria-prima para a criação. É ela mesma o…

6 de abril de 2015 /

por Carlos Gomes. Paulo Paes transita entre Recife e Olinda. Suas canções rebatem uma lírica afetuosa repleta de cores cinzas – como ruas, ruído, fumaça e solidões – num mar imenso, verde, azul e ensolarado. “Porque o samba é a tristeza que balança.” E ao identificar sua trajetória artística entre essas duas cidades, com seus avessos, suas particularidades e poéticas próprias, Paes assume o risco e faz da música um estado híbrido e transitório. Seu canto aguça os ouvidos e…

3 de março de 2015 /

por Carlos Gomes. A banda Rua é envolta em interdições. Quantos são? Onde vivem? O que cantam? A espacialidade é um conceito que ultrapassa as questões sonoras. Falar de música é compreender as interrupções e silêncios que existem em volta deles. Criar é muito mais que o ato mero de compor desesperadamente uma canção. Inventar espaços de escuta, escrita, imagem, audiovisual e dança são as formas que a banda encontra para diminuir as distâncias, romper com as fronteiras artísticas que…

13 de fevereiro de 2015 /

por Carlos Gomes. Jam da Silva não foi encontrado. A personagem que arquiteta canções que não se vinculam estritamente a características de um estilo, categoria, gênero ou mesmo de uma cena musical, se desfaz com naturalidade das expressões preconcebidas que perseguem alguns músicos. Este grande guarda-chuva da World Music, preguiçoso e acrítico, nunca pôde o acobertar. Jam não tem tido tempo para se resguardar sobre qualquer cobertura que seja. É nômade, mas não estrangeiro. Porque o estrangeiro finca raízes na…