Categoria: Resenha

9 de fevereiro de 2019 /

“Como procurar fendas numa sociedade que se tornou um programa de computador? Como desprogramar essa máquina?”, se pergunta Leonardo Gonçalves, o Negro Leo, em entrevista ao Canal Curta! Sobre seu novo disco, Niños Heroes. A Terra parece lenta demais para o computador. Enquanto a ebulição do “mistifório das velocidades sexuais” e das “velocidades rápidas cheias de nexos policiais” proliferam fenômenos e seres híbridos, que embaralham os polos de natureza e cultura e cronologias, a modernidade persiste em seu trabalho de…

23 de outubro de 2017 /

No último sábado, o festival No Ar Coquetel Molotov recebeu uma série de artistas e ações nos palcos e espaços montados no Caxangá Golf & Country Club, no Recife. O festival continua com novas atrações entre os dias 25 e 28 de outubro na cidade de Belo Jardim. 1. corpos cercados num território de invenção; como circo fábula ou ficção que chega a uma cidade pequena e altera a sua rota, o seu cotidiano ordinário. durante algumas horas, na passagem…

11 de outubro de 2017 /

O espetáculo “Dorinha, Meu Amor – um musical de humor e drama para teatros e cabarés” está em cartaz no Teatro Arraial Ariano Suassuna durante as quintas-feiras de outubro, mas já com ingressos esgotados. Estão em cena a cantora, compositora e atriz Isadora Melo, Juliano Holanda (Guitarra) e Rafael Marques (Bandolim). O espetáculo é uma criação de João Falcão, com direção musical de João, Juliano e Rafael. dorinha, meu amor é formado por um sutil entrelaçamento de véus. quando as…

26 de agosto de 2017 /

Milton Nascimento se apresentou no Teatro Guararapes, em Recife/PE, na noite de 24 de agosto de 2017. A turnê Semente da Terra continua na estrada. 1. Agora é hora de luta! Pressione os senadores e deputados pela aprovação do Decreto Legislativo 160/2017, protocolado por nosso mandato na Mesa Diretora do Senado, pedindo a suspensão do decreto de Michel Temer que extingue a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), área de 4 milhões de hectares que abrange unidades de conservação e…

14 de dezembro de 2016 /

Brazilian Jazz. Duas palavras amalgamadas numa expressão que traduz, antes de mais nada, uma brilhante jogada de marketing da indústria fonográfica norte americana. O termo foi inventado nos Estados Unidos nos anos 1960 para, a grosso modo, rotular o encontro da bossa nova com o jazz e registra no continuum da História como a música brasileira oxigenou a produção artística de toda uma cena que, apesar de vivenciar as inovações estéticas trazidas pelos instrumentistas ligados ao New Thing, perdia o…

12 de dezembro de 2016 /

Em “Depois Que o Nove Virou Seis”, uma das faixas principais de seu novo álbum, Ó (YB Music com patrocínio da Natura Musical), Juliana Perdigão delineia uma síntese de sua arte e de sua própria biografia. Como uma exaltação ao processo criativo contínuo e permanente, ela canta: “Tá tudo em mim, minha voz, meu canto/ Tá tudo bem aqui, o que é e o que era/ Tá tudo em mim, eu só não sei se é paz ou guerra”. Mineira…

8 de dezembro de 2016 /

Acredito que Cosmograma, primeiro disco da banda pernambucana Cosmo Grão, sinaliza a consolidação de uma forma de enxergar o rock n’ roll ascendida na década de 2000: guitarras afinadas em ré ou dó, inúmeros pedais de fuzz, variações bruscas de dinâmica e andamento e intervalos melódicos de quinta diminuta, nona e cromatismos. Além disso, a estreia do quarteto instrumental formado por bateria, baixo e duas guitarras evoca alguns sentimentos e sensações perdidas durante a transição da etapa de composição e…

7 de dezembro de 2016 /

Para escrever sobre Língua é preciso expandir a escuta para outros sentidos, outras partes do corpo. É preciso escutar a pele, os olhos, o pelo. Sentir onde o corpo vibrar. Investigar o que escapa ao primeiro, segundo e terceiro contatos com essa escuta. Os objetos musicais, visuais e as relações que se estabelecem entre eles vão se desdobrando em várias camadas de sentido que o nosso tempo ordinário parece querer obscurecer. O tempo de uma canção pode ser um tempo…

29 de setembro de 2016 /

Quatro anos depois de Crônicas da Cidade Cinza (2011), o rapper Rodrigo Ogi lança seu segundo álbum, RÁ! (2015) que vem para consagrá-lo como um dos grandes do rap nacional. As temáticas e os elementos estéticos que já o identificavam anteriormente continuam e parecem cada vez mais maduros, ajudando a solidificar sua atual posição. Nas primeiras, ainda estão presentes as constantes referências ao universo da cultura pop, como videogame, quadrinhos e cinema; e as “histórias das quebradas do mundaréu” e…

29 de setembro de 2016 /

Superfícies (2016), híbrido de livro de contos/fotografia e disco, lançado pelo carioca Leonardo Panço, é uma obra que se destaca pelo formato inusitado e pela chance de abrir portas para que o leitor/ouvinte conheça o funcionamento da mente do artista. Há quem possa categorizá-la como multimídia, mas acredito que a ‘mídia’ aqui seja só o plano onde se revela uma reflexão situada originalmente na psiquê do próprio Panço. Seja isso bom ou ruim. Composto por vinte e um temas instrumentais,…

27 de setembro de 2016 /

Kitsch. Clement Greenberg preconizava que esta pequena palavra imbuída de significados desastrosos para a sensibilidade humana se alastraria pela Cultura com o aprofundamento da sociedade de consumo de massa. De fato. O domínio do tacanho com aparência de sublime, do eterno deslocamento ante a autenticidade e o conteúdo, alimentado pela sistemática industrial da produção em série de objetos padronizados, amparado pela democratização consumista do prazer estético e potencializado pela explosão do mundo em infinitas constelações de apreensão do real, contaminou…

26 de setembro de 2016 /

“Chama eterna de um minuto”: paráfrase do amor “infinito enquanto dure”, imagem expressiva do estado de permanência e movimento que caracteriza algumas “incertas” que, volta e meia, acometem a música brasileira. Como em toda incerta, chega sem aviso; eterna enquanto dura, a incerta desconcerta pela ausência de uma filiação evidente ou de uma temporalidade referencial que permita sua inserção imediata na continuidade histórica da música popular. A “linha evolutiva” enunciada por Caetano Veloso nos anos 1960 sustentava-se sobre uma temporalidade…

4 de agosto de 2016 /

A palavra na música de Lira é mais pesada que o som. Por peso, não quero dizer que o som seja de alguma forma negligenciado ou que só exista em função desta palavra deformada, transformada, desviada da rota, em suma, como poesia. Se as primeiras histórias sobre José Paes de Lira são todas carregadas pela força da oralidade, performance e muitas, muitas palavras deformadas com as quais acostumamos a nos assombrar diante da presença do extinto grupo Cordel do Fogo…