Categoria: Resenha

8 de julho de 2015 /

por Thiago Soares. Quando terminei de ouvir Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!, lembrei logo de um show de Johnny que fui num inferninho do Recife Antigo, ele ainda Candeias Rock City, aquela profusão de rebeldia no palco, pensei comigo “Johnny é foda” ou algo como “Johnny vai acontecer”. Lembrei dessa noite porque música tem algo de energia, algo que vaza, algo que borra e turva. E que Johnny era uma neblina na cena de música pernambucana,…

22 de maio de 2015 /

por Bruno Vitorino. De lados diametralmente opostos no painel da Cultura, estão a tradição e a vanguarda. A primeira foca na repetição de um arcabouço simbólico sedimentado nas práticas sociais, encontrando no passado o sentido ratificador e estruturador de toda a prática cultural do coletivo em detrimento da liberdade do indivíduo, reduzindo-o ao ente que exercita e preserva o legado ancestral que lhe fora transmitido. A tradição busca a continuidade e não a ruptura. Já a segunda propõe a quebra…

27 de abril de 2015 /

por Matheus Torreão. Falar sobre o disco novo de Wander Wildner é um negócio meio cabeludo para mim por algumas razões. A primeira por ter nele um camarada, com quem já dividiram o palco algumas vezes minhas mal-traçadas linhas de contrabaixo. A segunda por ter lido há pouco tempo a seguinte frase sua, comentando um post onde haters lazarentos e fãs nefelibatas estapeavam-se intrepidamente por um pedaço de carne mal passada do mais novo destaque da cena indie pop nacional…

6 de março de 2015 /

por AD Luna. “Veja, isto é pouca/ Lenha no grande bate-boca/ E ainda escrevo uma carta capital/ Para os caros amigos desta banca de jornal// Veja, isto é pouca/Lenha no grande bate-boca/ E ainda escrevo uma carta capital/ Para os caros amigos desta banca de jornal// A formiga carrega a folha/ Do estado de São Paulo ao Piauí/ Enquanto isso a cigarra quer ser vip/ Pra sair contigo na capa da ti-ti-ti/ Caras, quem pra matar”. Os divertidos versos acima…

27 de fevereiro de 2015 /

por Bruno Vitorino. A primeira audição de qualquer trabalho musical costuma ser marcada por uma espécie de mescla entre a curiosidade latente ante o ineditismo da obra e a expectativa de se reconhecer de alguma forma no emaranhando de notas, imagens sonoras, sinestesias e arcabouço de palavras (no caso específico da canção) que a composição traz de modo imanente em si. Nesse recorte temporal do processo de apreciação estética, que adquire contornos de eternidade enquanto acontece, a música vai sendo…

26 de fevereiro de 2015 /

por Jeder Janotti Jr. Feiticeiro Julião, o personagem cênico musical criado pelo cantor, guitarrista e arranjador Júlio Castilho, anda por diversos atalhos sonoros em seu primeiro álbum Mácula. Pode ser que ouvidos açodados consigam vicejar nesse emaranhado de referências musicais ouvindo eco das identidades multiculturais. Para além das guitarras do feiticeiro que dão o tom em algumas composições, o álbum parece acabar marcado pelos sopros, principalmente os cruzamentos entre o sax alto de Will Bantus e Henrique Albino. Mas o…

24 de fevereiro de 2015 /

por Wilfred Gadêlha. Dando uma olhada na bibliografia brasileira sobre heavy metal, o resultado pode ser desanimador. Sem que haja um título que sintetize, ou melhor, sistematize o cenário do País, o que deixa a situação menos desalentadora é notar que, pelos quatro cantos do Brasil, pesquisadores vêm desbravando o terreno, apesar de todos os obstáculos. É com esse espírito que podemos aplaudir iniciativas como a de Jeder Janotti Júnior. Longe de ser um iniciante ou amador no assunto, Janotti,…

12 de fevereiro de 2015 /

por Marina Suassuna. Saber quem produziu um disco nos revela muito sobre a natureza de uma obra. Desde os anos 1960, quando os produtores assumiram um papel mais direto no processo musical, como criar arranjos e cuidar da engenharia da gravação, a sonoridade e o conceito de um álbum deve grande parte àqueles profissionais. A assinatura estilística do produtor acrescenta bastante em termos de linguagem, tornando-o, muitas vezes, tão relevante quanto o artista no resultado final da obra. O que…

28 de janeiro de 2015 /

por AD Luna. “(…) A ideia de que o artista não pensa de maneira tão atenta e penetrante quanto o investigador científico é absurda. O pintor tem de vivenciar conscientemente o efeito de cada pincelada que dá ou não saberá o que está fazendo nem para onde vai seu trabalho”. O trecho é do livro Arte como experiência, do filósofo norte-americano John Dewey, publicado originalmente em 1934. Ainda que o pedaço de reflexão cite a pintura, ela se encaixa bem…

27 de janeiro de 2015 /

por Marina Suassuna. Gente cantando pela cidade, pastor batendo na bíblia, cochichos, ruídos urbanos e outras aleatoriedades da metrópole paulista. Tudo isso atravessa Barulho Feio, quinto álbum solo de Romulo Fróes lançado recentemente. Captado no centro de São Paulo, em junho deste ano, o áudio que se ouve ao fundo de todo o repertório interfere no modo como o ouvinte irá assimilar a obra. Lançando mão, mais uma vez, do experimentalismo que lhe é característico, Fróes parece propor novos caminhos…

22 de janeiro de 2015 /

por Bruno Vitorino. Comunicar é compartilhar sentido. Para instrumentalizar essa condição primordial de sua existência particular e coletiva, o Homem inventou para si a linguagem. Estabelecendo os símbolos, valores e significados e definindo as regras de sua organização, formatou um sistema de representação cultural que o permitiu não apenas significar a estranha realidade que se desnudava diante de si, mas também estabelecê-lo como indivíduo inserido numa coletividade que se reconhece através desses signos. Nesse sentido, o idioma, as palavras, as…

20 de janeiro de 2015 /

por AD Luna. É interessante observar as transformações pelas quais uma banda passa desde o início de sua carreira. Nos seus primeiríssimos anos de vida, Chico Science & Nação Zumbi (CSNZ) nem de longe apresentavam a parede de som compacta dos dias atuais quando estão em cima do palco. Antes, lá por meados dos anos 1990, as coisas soavam desorganizadas e não muito harmônicas. No entanto, mesmo com a sonoridade bagunçada, era possível notar que estávamos diante de algo diferente,…

16 de janeiro de 2015 /

por Marina Suassuna. “Estamos talvez no momento mais político da história do Mombojó por conta de tudo que vem acontecendo em Recife e no país.” A reflexão do vocalista Felipe S., em entrevista ao Diário de Pernambuco, ressoa a máxima da filosofia determinista, na qual o homem é produto do meio em que vive. A premissa é válida, sobretudo, para o artista comprometido e envolvido com seu tempo, cuja obra acaba sendo contaminada pelos ideais e valores discutidos e praticados…