por Thiago Soares. Quando terminei de ouvir Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!, lembrei logo de um show de Johnny que fui num inferninho do Recife Antigo, ele ainda Candeias Rock City, aquela profusão de rebeldia no palco, pensei comigo “Johnny é foda” ou algo como “Johnny vai acontecer”. Lembrei dessa noite porque música tem algo de energia, algo que vaza, algo que borra e turva. E que Johnny era uma neblina na cena de música pernambucana,…
Categoria: Resenha
por Bruno Vitorino. De lados diametralmente opostos no painel da Cultura, estão a tradição e a vanguarda. A primeira foca na repetição de um arcabouço simbólico sedimentado nas práticas sociais, encontrando no passado o sentido ratificador e estruturador de toda a prática cultural do coletivo em detrimento da liberdade do indivíduo, reduzindo-o ao ente que exercita e preserva o legado ancestral que lhe fora transmitido. A tradição busca a continuidade e não a ruptura. Já a segunda propõe a quebra…
por Matheus Torreão. Falar sobre o disco novo de Wander Wildner é um negócio meio cabeludo para mim por algumas razões. A primeira por ter nele um camarada, com quem já dividiram o palco algumas vezes minhas mal-traçadas linhas de contrabaixo. A segunda por ter lido há pouco tempo a seguinte frase sua, comentando um post onde haters lazarentos e fãs nefelibatas estapeavam-se intrepidamente por um pedaço de carne mal passada do mais novo destaque da cena indie pop nacional…
por Bruno Vitorino. A primeira audição de qualquer trabalho musical costuma ser marcada por uma espécie de mescla entre a curiosidade latente ante o ineditismo da obra e a expectativa de se reconhecer de alguma forma no emaranhando de notas, imagens sonoras, sinestesias e arcabouço de palavras (no caso específico da canção) que a composição traz de modo imanente em si. Nesse recorte temporal do processo de apreciação estética, que adquire contornos de eternidade enquanto acontece, a música vai sendo…
por Jeder Janotti Jr. Feiticeiro Julião, o personagem cênico musical criado pelo cantor, guitarrista e arranjador Júlio Castilho, anda por diversos atalhos sonoros em seu primeiro álbum Mácula. Pode ser que ouvidos açodados consigam vicejar nesse emaranhado de referências musicais ouvindo eco das identidades multiculturais. Para além das guitarras do feiticeiro que dão o tom em algumas composições, o álbum parece acabar marcado pelos sopros, principalmente os cruzamentos entre o sax alto de Will Bantus e Henrique Albino. Mas o…
por Marina Suassuna. Saber quem produziu um disco nos revela muito sobre a natureza de uma obra. Desde os anos 1960, quando os produtores assumiram um papel mais direto no processo musical, como criar arranjos e cuidar da engenharia da gravação, a sonoridade e o conceito de um álbum deve grande parte àqueles profissionais. A assinatura estilística do produtor acrescenta bastante em termos de linguagem, tornando-o, muitas vezes, tão relevante quanto o artista no resultado final da obra. O que…
por Bruno Vitorino. Comunicar é compartilhar sentido. Para instrumentalizar essa condição primordial de sua existência particular e coletiva, o Homem inventou para si a linguagem. Estabelecendo os símbolos, valores e significados e definindo as regras de sua organização, formatou um sistema de representação cultural que o permitiu não apenas significar a estranha realidade que se desnudava diante de si, mas também estabelecê-lo como indivíduo inserido numa coletividade que se reconhece através desses signos. Nesse sentido, o idioma, as palavras, as…
por Marina Suassuna. “Estamos talvez no momento mais político da história do Mombojó por conta de tudo que vem acontecendo em Recife e no país.” A reflexão do vocalista Felipe S., em entrevista ao Diário de Pernambuco, ressoa a máxima da filosofia determinista, na qual o homem é produto do meio em que vive. A premissa é válida, sobretudo, para o artista comprometido e envolvido com seu tempo, cuja obra acaba sendo contaminada pelos ideais e valores discutidos e praticados…