Uma maré, maré erê. Uma, filha, criança, erê. Menina, negra, mestiça. Filha de preta, amazonina. As crianças das favelas. A maré das crianças. Imagens que circundam a minha cabeça. Na favela da Maré, o mar é de sangue e amar é de morte. A beleza pura da vida, da bala doce, e a tragédia da bala que canta, rasgando o som, tombando do céu, no coração, na testa, na espinha. Infesta, em festa. Trança se inicia com esse canto dos…
Categoria: Vídeo
Sambas Do Absurdo é o resultado do encontro de três artistas centrais na música popular brasileira contemporânea, cada um deles, a seu modo, renovadores da linguagem da canção em nosso país. De modo esquemático, identificarei assim o papel de cada um neste trabalho: o compositor Rodrigo Campos, o produtor Gui Amabis e a intérprete Juçara Marçal. Criadores de muitos recursos, naturalmente seus papéis se cruzam e se misturam ao longo do disco, mas valho-me dessa classificação para melhor elencar as…
Esse texto emerge de alguns acontecimentos que estão me atravessando nos últimos tempos: o atual momento político no Brasil, minhas vivencias no mestrado na UFBA, a experiência como espectadora do espetáculo “Resistir”. O que tange todas elas? O corpo como política. Uma discussão sobre repetição e sentido. E a resistência como movimento, atuando diante de um sentimento de mal estar. Na minha última coluna no site Outros Críticos falei de improviso. Escrevi a um só tempo. Em um fluxo contínuo,…
Não boia a carniça na superfície do mar, em cujo fundo permanecem as pérolas? Excerto do “Livro das Mil e Uma Noites”1. 10:38. O sol perfazia sua inexorável jornada em direção ao zênite num céu do mais puro azul. Lá do alto, o astro-rei despejava implacavelmente sobre Olinda todo seu esplendor luminoso e parecia zombar da agonia daquelas risíveis criaturas que lá embaixo enfrentavam o calor de sua força no vai e vem das ladeiras. Do meu ponto de vista,…
Me pediram para escrever um ensaio para essa tão ilustre edição #12 da revista Outros Críticos, mas não qualquer ensaio, um texto que verse sobre a “arte” e|na|pela|pra “periferia”, uma vez que não poderia ter sido escrito por outra jornalista. Desejo então falar do meu lugar próprio, meu lugar de fala sem subterfúgios ─ mesmo não estando em casa agora, mas em Ouro Preto – MG. “Suburbana mas cosmopolita”, me apresento; portanto, mesmo que não escreva da Travessa Vila Velha,…
morrer como quem é um recorte de verso, uma vaguidão possível de ser preenchida por marchas, frevos, vozes, coro, dicções, sotaques ou movimentos de corpos. canções políticas no carnaval, nas rádios, ruas, vídeos compartilhados – gravados em câmeras baratas ou celular – podem significar que a voz embargada deva significar um pouco mais que o silêncio. essa resistência através da arte ainda vai nos levar além. (c.g.) Morrer em Pernambuco (Juliano Holanda) Morrer em Pernambuco Do jeito mais duro. Do…
preparação não seria possível isolar um pretenso texto que partiria da obra sonora delivered in voices – exposta e vivida como residência artística por diversos músicos e artistas durante a última edição do festival novas frequências, no rio de janeiro, em dezembro de 2015 – do fato de seu criador, o artista visual tunga, ter falecido enquanto a estrutura deste texto ainda não estava totalmente erguida. a preparação se dava no contato mais direto com aquela obra, no que era…
O BateBit Artesania Digital encontra nos consoles, controladores, sensores, aplicativos e outros aparatos uma maneira de trabalhar digitalmente a música. O próprio nome indica: bater o bit. Tocá-lo, quase como que entalhá-lo tal qual uma madeira a tomar forma. Com essa abordagem artesanal, João Tragtenberg e Filipe Calegario desenvolvem uma pesquisa em concepção e desenvolvimento de novos instrumentos musicais digitais que contou com a participação de diversos músicos pernambucanos, como Siba, Raphel Costa, Helder Vasconcelos, entre outros. O BateBit acredita…
Outros Críticos Convidam (2015) mini-documentário kalouv part. fernando catatau | ex-exus | passo torto e ná ozzetti | juliano holanda part. benjamim taubkin Outros Críticos Convidam – Catálogo download gratuito aqui Curadoria e edição do catálogo: Carlos Gomes Coordenação Geral e Produção Executiva: Paloma Granjeiro Assistente de Produção: Renata Farias Direção de Palco: Marcílio Moura Assessoria de imprensa: Corujas Design: Fernanda Maia Fotografia: Camila van der Linden Direção e edição de vídeo: Hugo Coutinho Câmera: João Tavares Edição e finalização de…
por Marina Suassuna. Falar de segregação social por meio da sexualidade foi a bandeira levantada pela Textículos de Mary e a Banda das Cachorra, extinto grupo pernambucano de punk rock, enquanto esteve em atividade, de 1998 a 2004. Tão irreverente quanto o conteúdo das músicas eram as roupas e a performance dos integrantes, que uniam crítica e escracho numa atmosfera sórdida, típica do submundo – artifício usado para falar da violência e intolerância com as minorias. Travestidos de mulheres, Chupeta…