Guia prático para a crítica cultural: manifestos

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Rua da Aurora, onde está localizada a sede da Fundarpe. Foto: Blog Play

por Júlio Rennó.

Boa parte dos manifestos culturais dos quais temos conhecimento se pautaram pela ruptura com o passado, ironias das mais diversas e o dedo em riste da primeira à última linha do texto. Muitas vezes, as lutas se davam muito mais no campo artístico, mas o tempo foi passando e muita gente se deu conta de que estética e política (não no sentido stricto sensu) caminham juntas.

Um grupo de artistas, produtores e demais pessoas de setores da música pernambucana resolveram se juntar para discutir e propor mudanças no modo como o Estado trata a música feita em Pernambuco. A primeira pauta é para pleitear um edital específico no edital do Funcultura para o setor de Música, assim como já ocorre com o Audiovisual.

Depois de três meses de reuniões, semanalmente na sede da Regional do Ministério da Cultura (MinC), o grupo decidiu elaborar um manifesto e colher assinaturas de diversos setores da música em Pernambuco  para encaminhar ao Secretário Estadual de Cultura, Marcelo Canuto. O que foi feito na última quinta-feira. O texto é assertivo e procura mostrar a importância da Música para o estado e a união da classe em torno dessa primeira pauta levantada.

No entanto, motivos não faltariam para a escritura de manifestos mais radicais e com o dedo na ferida, apontando falhas e descasos que se repetem com a cultura pernambucana. Não era o caso, concordo. Torço para que a primeira pauta se multiplique em outras reivindicações, não importando os nomes, os cargos, os anos eleitorais. Assim como para que as demais linguagens artísticas, como dança, literatura, teatro, entre outras, se irmanem para o desenvolvimento de fato.

Segue abaixo o manifesto na íntegra:

Manifesto de boas intenções

O Funcultura é um proveitoso mecanismo de apoio e incentivo à cultura de Pernambuco. Com o apoio desta ferramenta, muito já avançamos e conquistamos no mercado local, regional, nacional e internacional.

Temos a certeza de que ele foi criado com boas intenções. E com essas mesmas boas intenções acreditamos que chegou o momento de adequá-lo às atuais necessidades do mercado e dos músicos de Pernambuco.

E nada melhor do que os próprios artistas e produtores que utilizam esta ferramenta para indicar onde e como ela pode evoluir. Por isso nos apresentamos para participar ativamente do processo de atualização do Funcultura, especificamente na área de música.

Nossa proposta neste documento é a criação de um edital específico para a música.

Entendemos que Pernambuco é um Estado musical. Reconhecido assim por todo o país e mundo há décadas. Nossos artistas colecionam elogios e respeito em todas as partes.

A área de música hoje representa a principal demanda do Funcultura. De cada três projetos apresentados, ao menos um é de música. E a demanda de projetos de música cresce a cada ano. Na contramão dessa ebulição musical, o investimento para a área nos últimos três anos caiu pela metade.

Assim, além do novo edital, julgamos urgente o aumento do investimento para a música, para que ao menos se aproxime da crescente demanda do segmento.

Cheios de boas intenções, esperamos contar com o apoio e interesse do Governo do Estado, Secretaria Estadual de Cultura e Fundarpe, além de todos que procuram soluções em nossa área de trabalho.

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Júlio Rennó Escrito por:

Heterônimo. Assinou a coluna "guia prático para a crítica cultural" na revista e site Outros Críticos. Não era um guia.

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