Era final da tarde de uma sexta-feira. Paulinha Xcamosa chegou com Ton Petersburgo, seu produtor, numa bike azul, pela pista local da Agamenon Magalhães, em Santo Amaro. Enquanto a gente esperava os carros passarem pra atravessar a avenida, ela contou que muita gente já morreu ali, tentando atravessar. “Mas ninguém se importa não”, comentando a ausência de faixa de pedestre. Quando a gente chegou na Fábrica Tacaruna, um youtuber famoso filmava dançando passinho. Do outro lado, uns meninos cantavam um…
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Ler on-line | Download Outros Críticos Ano IV Edição 14 Dezembro de 2019 Tema da edição: Contraimagem Binário Armada:artista convidado Fabiana Moraes:colaboradora Marileide Alves:colaboradora Géssica Amorim:pesquisadora convidada Carlos Gomes: edição, redação e revisão textual Fernanda Maia:projeto gráfico, diagramação e texto GGabriel Albuquerque:texto Priscilla Buhr:ensaio fotográfico Rodrigo Édipo:assessoria de imprensa Incentivo Funcultura-PE Esta revista é uma iniciativa do projeto de crítica cultural Outros Críticos. Realizada com incentivo do FUNCULTURA (Governo do Estado de Pernambuco). ISSN: 2318-9177 Imagem de destaque: Binário Armada…
Uma maré, maré erê. Uma, filha, criança, erê. Menina, negra, mestiça. Filha de preta, amazonina. As crianças das favelas. A maré das crianças. Imagens que circundam a minha cabeça. Na favela da Maré, o mar é de sangue e amar é de morte. A beleza pura da vida, da bala doce, e a tragédia da bala que canta, rasgando o som, tombando do céu, no coração, na testa, na espinha. Infesta, em festa. Trança se inicia com esse canto dos…
Este texto é uma tentativa de derivar através do livro Chants Populaires du Brésil, que apesar do título em francês e de pertencer à Biblioteca Musical do Museu da Palavra e do Museu Guimet, foi concebido por uma brasileira, Elsie Houston. Publicada em 1930, ainda não havendo versão em português, a obra está disponível na plataforma Gallica, da Biblioteca Nacional da França, e também conta com um exemplar na coleção do pesquisador José Ramos Tinhorão, no Instituto Moreira Salles, servindo…
Nos anos 1930, a primeira escola de samba, a Deixa Falar, localizada no bairro do Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, vivia um momento de crescimento, com mais e mais gente saindo às ruas no dia de desfile. A expansão trouxe consigo um problema: nem todos os foliões conseguiam ouvir a música que estava sendo tocada. Com intenção de resolver este problema, o compositor Alcebíades Barcelos, o Bide, lançou mão de suas habilidades técnicas como sapateiro e “encourou” uma…
Ler on-line | Download Outros Críticos Ano IV Edição 13 Outubro de 2019 Tema da edição: O que pode o corpo? Laíza Ferreira:artista convidada Ava Rocha:colaboradora Conrado Falbo:colaborador Marília Santos:pesquisadora convidada Carlos Gomes: edição, redação e revisão textual Fernanda Maia:projeto gráfico, diagramação, texto e revisão textual GGabriel Albuquerque:texto Priscilla Buhr:entrevista e fotografia Rodrigo Édipo:assessoria de imprensa Incentivo Funcultura-PE Esta revista é uma iniciativa do projeto de crítica cultural Outros Críticos. Realizada com incentivo do FUNCULTURA (Governo do Estado de Pernambuco).…
A convocatória 2019.2 selecionará dois (02) pesquisadores que atuarão, separadamente, nas edições de outubro e dezembro da revista Outros Críticos. O pesquisador selecionado integrará a equipe principal da publicação durante uma (01) edição. Esta convocatória atenderá, exclusivamente, aos pesquisadores residentes das regiões do Agreste Meridional, Central e Setentrional; Mata Norte e Sul; Sertão do Araripe, Central, Itaparica, Moxotó, Pajeú e São Francisco do Estado Pernambuco. Para conferir as cidades contempladas, acesse: https://drive.google.com/open?id=1TzTEZkwEYoO8pTCSPVmOCQpVAoXJqqX_ Esse profissional será selecionado pela equipe principal dos…
[acesse aqui a parte 1 da entrevista] F – O que tens estudado atualmente? N – Eu tenho impressão de passar a vida tentando descobrir como estudar bem, sabe. Ultimamente, como eu quebrei o dedo, eu não queria compensar. Porque com um dedo a menos você fica querendo compensar, achar um esquema de sobrevivência e depois o dedo volta a funcionar e você não consegue mais se livrar desses cacoetes. O que eu fiz foi que eu tirei um monte…
Numa manhã de domingo, um sujeito sorridente apareceu numa das pacatas esquinas do bairro da Lapa, em São Paulo, e amarrou um estandarte em que se lia “Lapa de Urso” na placa que indicava o cruzamento entre as ruas Tito e Marco Aurélio. “Fundamos esse bloco para que os pernambucanos que não podiam viajar pro Recife durante o carnaval pudessem matar a saudade”, explicou Mestre Nico, então com 43 anos, posando ao lado do estandarte. Bastante magro, usava uma camisa…
É bastante conhecida a afirmação de Tom Jobim de que o melhor caminho para o músico brasileiro seria o aeroporto. Se por um lado, poderíamos achar outros exemplos além do próprio, é difícil dizer que essa é uma lei geral e válida para todo e qualquer músico. É fato que caía como uma luva para ele. No seu caso específico, além do mais, o aeroporto podia ser visto como uma ponte aérea entre o mundo e o Brasil. Jobim, como…
trajetória João Soares, mais conhecido como Biu Roque, nasceu em 1934 no Município de Condado e faleceu aos 76 anos em abril de 2010. Foi um dos músicos mais respeitados e admirados na Zona da Mata Norte, Pernambuco. Sabe-se que sua mãe, Dona Maria Guilherme, trabalhava como cozinheira em um dos muitos engenhos de cana-de-açúcar da região, e cultivava o costume de organizar rodas de coco na região. É neste contexto que se inicia a trajetória do pequeno João, ainda…
Em 2015, escrevi para o site Outros Críticos um relato de indignação sobre o péssimo tratamento que os brinquedos de Maracatu Rural receberam em algumas cidades da Zona da Mata Norte durante o carnaval daquele ano. O texto discorria sobre os cachês irrisórios, dificuldades nos pagamentos e desprezo das prefeituras pelas agremiações. Hoje, 2019, aqui estou eu novamente indignado escrevendo sobre essa tensa relação entre poder público e a arte do Maracatu Rural. De lá para cá, a situação pouco…
Foto de capa: Turunas da Mauricéia. Anúncio no Correio da Manhã (RJ), 06 de fevereiro de 1927. O período compreendido entre 1927 e o início da década de 1930 é certamente um dos mais complexos e decisivos para a história da música brasileira registrada em discos. É um momento marcado pela aposta da indústria cultural na absorção e divulgação de um espectro mais amplo da imensa diversidade estética brasileira, como também pela expansão do alcance territorial e das possibilidades técnicas…