Sim, eles tocarão no Carnaval do Recife

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Foto: Bloco do Eu Sozinho do grupo Atocontínuo

por Carlos Gomes.

A escolha dos artistas anunciados na programação do Carnaval do Recife em 2014 revela a mediocridade dos que se utilizam do poder de escolha para demarcar territórios, alimentar equívocos e ter na falta de transparência e critérios a sua marca curatorial.

Quem acredita que houve uma leitura e audição do material entregue pelos artistas habilitados, na lista divulgada anteriormente? Agora, tendo em vista a programação quase oficial, já que provavelmente a pressão de alguns artistas que ficaram de fora deva resultar em uma vaga num dos inúmeros polos; vale realmente a pena se submeter a esse processo anacrônico e nebuloso? Vale. Os números de inscrições são a prova disso.

A programação anunciada não reflete o que ocorreu em 2013 na música pernambucana, nem nas promessas de bons lançamentos em 2014, para ficarmos somente nos shows da categoria “Palco”. O Carnaval é muito mais abrangente que isso; de certo modo, estou tratando aqui apenas do que é superficial à estrutura do Carnaval, ou melhor, do que deveria ser. A atenção da Prefeitura, dos que se debruçam sobre os festejos, deveria estar centrada no que é profundo, que se sustenta pela paixão daqueles que, apesar das dificuldades, mantêm suas troças, blocos, maracatus e todo o tipo de manifestação cultural que existe (e existirá) a par de qualquer controle ou curadoria.

Entendo que o Carnaval deveria ser uma explosão da cultura e música que alimentamos e da qual queremos nos alimentar durante os anos. Portanto, seja o frevo ou o maracatu escolhidos como marcas principais do evento, nada mudará o fato de que os artistas que labutam pela disseminação e renovação estética desses gêneros tenham a vida facilitada por isso. A eles está reservado o mísero cachê atrasado para que os turistas ouçam e vejam a artificialidade do Carnaval exposto durantes alguns dias.

Não há meritocracia em grande parte das escolhas, elemento extremamente difícil de ocorrer, já que não há escuta dos artistas escolhidos, nem durante o ano anterior, no material enviado para a análise ou mesmo durante os shows do Carnaval. A imprensa poderia auxiliar como reflexão crítica da programação, dos shows, de toda a construção do Carnaval, mas prefere ser o espaço onde a programação sai primeiro, vide a pressa em anunciar as atrações. Sim, os Los Hermanos tocarão no Carnaval do Recife. Estamos em 2001, o Bloco do Eu Sozinho acaba de ser lançado e “Todo carnaval tem seu fim” é o hit oficial da programação oficiosa.

Imagem de capa: JC on-line – Evento de lançamento da programação.

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Carlos Gomes Escrito por:

Escritor, pesquisador e crítico. É editor dos projetos do Outros Críticos, mestre em Comunicação pela UFPE e autor do livro de contos "corto por um atalho em terras estrangeiras" (2012), de poesia "êxodo," (CEPE, 2016) e "canto primeiro (ou desterrados)" (2016), e do livro "Canções iluminadas de sol" (2018), um estudo comparado das canções do tropicalismo e manguebeat.

10 Comentários

    • 30 de janeiro de 2014
      Responder

      Sim, eles tocarão esse ano no carnaval do Recife. Todo carnaval tem seu fim…

  1. 30 de janeiro de 2014
    Responder

    Em que língua esse texto foi escrito? Não entendi nada. Umas 500 linhas pra um choro que podia ser dito numa frase? O carnaval é como tem que ser. Em time que está ganhando não se mexe, afora alguns reforços, com artistas que estão surgindo bem, com algum renome, e que acrescentarão à festa. De que adianta botar uma bandeca que ninguém conhece e o povo ficar com cara de nabo? Menos, chorões. Tomem um porre de loló e vão curtir o carnaval.

  2. Carlos Gomes
    31 de janeiro de 2014
    Responder

    “O carnaval é como tem que ser” é um retrato da sua ignorância.

  3. 31 de janeiro de 2014
    Responder

    Se eu entendi bem, Nação Zumbi, por exemplo não merecia tocar no Carnaval porque não “produziu” nada em 2013 tendo em vista que a banda esta parada, confere?

    Na minha humilde opinião de folião, faltou o autor do texto dizer que banda ou artista “produziu” e não está na grade. Dizer que quem escolheu as atrações o fez sem ouvir o “material” é pura ilação ou mimimi cabeçóide.

  4. 31 de janeiro de 2014
    Responder

    Concordo com Carlos,

    acho que, se entendi bem sua intonação, o trecho:
    “e que adianta botar uma bandeca que ninguém conhece e o povo ficar com cara de nabo?”
    se aplica ao Rec-Beat por exemplo. Pq tem um monte de banda que ninguem conhece (inclusive de países diferentes como Espanha e Uruguai) e sempre lota, e mesmo q seja desconhecida ao ponto de [quase] ninguem cantar, pelo menos com “cara de nabo” ninguem fica.
    Tem alguma coisa errada né?
    =D

  5. 31 de janeiro de 2014
    Responder

    Capiba e Folião estão precisando de umas aulas de interpretação de texto.

  6. 1 de fevereiro de 2014
    Responder

    Los Hermanos no Reac Beat, fechou?!

    Cada vez mais eu concordo com o rimocrata quando ele diz que “Carnaval está chegando, pegue a fantasia e vista. Aplauda que o governo banca festa pra turista”.

    Turista não gosta de mudança e novidade, turista acha incrível beijo entre homens na novela da globo, entre outras coisas…

  7. 1 de fevereiro de 2014
    Responder

    Capiba está se revirando na sepultura!Coitado!
    O que acontece dentro da Secult, Fundação de cultura ou Fundarpe é mais antigo que a fome! Tem uma panelinha da porra na Prefeitura do Recife e outros órgãos que administram o dinheiro público, se denominando promovedores da cultura do povo, que estão implantados em diversos setores culturais; e isso se estende à todas as festividades. Existe uma meia dúzia de artistas que são beneficiados por essa “turma cultural” que estão presentes com muitos shows em todos os eventos, tirando o espaço de outros artistas também importantes. Esses, não precisam passar pela triagem da curadoria não! Eles entram e pronto! Mesmo que os seus trabalhos não tenham nada a ver com o evento a ser promovido. Vazou a informação que ainda na gestão passada, houve uma supervalorização de caches pra essa panelinha; um super-arrumadinho, com o dedo e a influencia de um assessor da prefeitura na gestão de João da Bosta. Esses artistas locais, que ganhavam em torno de R$ 5.000,00 a R$ 8.000,00, passaram a ganhar R$ 25.000,00 chegando a R$ 35.000,00, ainda no governo anterior, isso tudo muito bem arquitetado, muito bem planejado por este ex-assessor, exatamente para justificar as exigências das tais notas fiscais exigidas pela futura PCR ( atual Geraldo Julio) nas inscrições pra contratações artísticas. Se fosse possível fazer uma auditoria, uma varredura na contabilidade das tres últimas gestões, se comprovaria o que estou dizendo! Os cachês dessa panelinha foram superalterados! Dê uma olhada na grade e veja com quantos shows cada artista desta dita cuja panelinha tem! Chegam ao montante de cinco shows, enquanto outros artistas bem mais brilhantes que eles, sem baianadas, estão com 01 show apenas e tantos outros sem nenhum show, cara! É maracutaia pura! Soube também que vários artistas estiveram na Secult após a divulgação da grade oficial revoltados, exigindo retratação do setor, para ter explicações sobre seus nomes não estarem na programação 2014. Essa tal curadoria,meu, nem se deu ao trabalho de ouvir o material (já que eles são novatos na área cultural e de shows), nem ao menos… leram seus releases. Que curadoria de merda é essa mermão? Estão de fora excelentes artistas que sempre estiveram presentes em carnavais de varias gestões, entre outras festividades! Foram 12 anos de PT nessa onda… mas eles pelo menos aprenderam a respeitar os valores da terra, nem que fosse com apenas 1 show para cada artista, mas os artistas trabalharam…, apesar das contratações absurdas de artistas nacionais e internacionais daquela gestão usando o nosso dinheiro. Não é por aí não seu capiba! Qualquer bom treinador sabe muito bem quem escolher para compor um time de primeira, porque ele tem capacidade e autoridade pra escalar um bom time. Não é com essa meia dúzia de caras meia boca, que eles farão os gols que o treinador quer! Time existe pra se mexer na escalação. Mas a culpa não é dessa panelinha de artistas acima, não! A culpa é dessa comissão de cocô que aí está mais uma vez (que só mudou de nomenclatura partidária) se utilizando da velha politicagem, usando o dinheiro público e se enriquecendo com enormes mordidas de $$$ sobre cada cachê, e ainda se achar “O cara” pra dizer quem presta e quem não presta, quem deve ou não deve estar fazendo parte dos grandes eventos no município ou do Estado! Esta é uma questão de justiça! E isso aí,meu, tá difícil de se ter, como a exemplo dos mensalões, a sujeirada toda começa pelas bases e os artistas de Pernambuco (os de verdade) sempre vão tomar na carrapeta, por não se mexerem e exigirem o que é seu por direito! Seu capiba, obrigado pelo oferecimento do seu loló.! Gosto não!
    Isso me lembra Marco Polo com a música Seu Valdir…
    Peraí meu!

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