solstício
I
não ouço passos de ninguém entre os escombros. nem mesmo insetos revirando o pó. um vento seco me arrepia, encolho os ombros, pois na verdade estou queimando só. pelo vazio com que eu convivo há tanto tempo. e eu não vejo em mim nenhum medo, e não existe em mim nenhum medo. homem cruel, destruidor, de brilho intenso, monumental. sangrou, vazou, morreu de dor de amor. e fazendo no meu peito a tua moradia, mas queres ir embora. não mereces a dor, por deus, te guardaria. muito assustadoramente, revirou a casa, esvaziou o armário e levou a mala. para sabe alguém aonde isso dá? ó sol! proteja o menino.
II
aquela manhã que se inicia depois de encontrar a dor. mais adiante, resolveu se entregar embalando a própria esperança. era negar os olhos. tanta paixão. um só corpo não aguenta. solidão. ó, sua imagem! você não sai da minha cabeça. você nunca mais sai da minha cabeça. otro atardecer te espero. en el sol tan dulce y mágico. en el sol.
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