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16 de abril de 2019 /

trajetória João Soares, mais conhecido como Biu Roque, nasceu em 1934 no Município de Condado e faleceu aos 76 anos em abril de 2010. Foi um dos músicos mais respeitados e admirados na Zona da Mata Norte, Pernambuco. Sabe-se que sua mãe, Dona Maria Guilherme, trabalhava como cozinheira em um dos muitos engenhos de cana-de-açúcar da região, e cultivava o costume de organizar rodas de coco na região. É neste contexto que se inicia a trajetória do pequeno João, ainda…

16 de fevereiro de 2019 /

“a arte é o que resiste, ainda que não seja a única coisa que resiste”. (“o que é o ato de criação?”, giles deleuze) primeiro movimento — eu não gostaria de catalogar os artistas em “música política”, “canção crítica” ou mesmo me pôr num “tribunal” da crítica pra limitar e colocá-los sobre a mesma seara. mas em síntese, eu penso que há artistas que seguem uma linha reta (“evolutiva?”) na música brasileira, reproduzindo esteticamente via “imitação” – mesmo com algum…

15 de fevereiro de 2019 /

por Bernardo Oliveira e Fred Coelho. Por iniciativa de Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, a Missão de Pesquisas Folclóricas percorreu o Norte e o Nordeste do Brasil durante o ano de 1938. Em busca de registros de manifestações culturais, particularmente de dança e música, trouxeram na bagagem gravações em áudio e imagens dos estados de Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Pará e Minas Gerais. Entre os registros mais interessantes, é possível citar o…

15 de novembro de 2018 /

“O livro da imagem” é um dos mais belos e fascinantes monumentos à “variação universal” (Tarde, Deleuze), uma tapeçaria irregular modulando quadros, músicas,  textos e filmes (“arqueologia” por Nicole Brenez), meticulosamente costurados em processo de composição e decomposição. Intensa liberação de modos e ritmos, dinâmicas e sensações. “Todas as coisas, isto é, todas as imagens, se confundem com suas ações e reações: é a variação universal.” O movimento não se distingue do movido e do movente, ele se confunde com o…

11 de julho de 2017 /

“Ioiô moleque maneiro vem lá do Salgueiro e tem seu valor. Ele toca cavaco, pandeiro e no partido alto é bom versador.” Os versos de Cesar Veneno, apesar de elogiosos, não dão conta do gênio de Almir Guineto. Vale a pena acompanhá-lo na “segunda” (como nos referimos à estrofe nos meios pagodeiros): “Foi num samba pra frente que eu vi um valente versar pra Ioiô Mas ele estava indecente deixando o malandro de pomba rolô.” Almir Guineto (derivação do apelido…

26 de setembro de 2016 /

“Chama eterna de um minuto”: paráfrase do amor “infinito enquanto dure”, imagem expressiva do estado de permanência e movimento que caracteriza algumas “incertas” que, volta e meia, acometem a música brasileira. Como em toda incerta, chega sem aviso; eterna enquanto dura, a incerta desconcerta pela ausência de uma filiação evidente ou de uma temporalidade referencial que permita sua inserção imediata na continuidade histórica da música popular. A “linha evolutiva” enunciada por Caetano Veloso nos anos 1960 sustentava-se sobre uma temporalidade…

18 de dezembro de 2015 /

história, memória e esquecimento – edição 10– bimestral – dezembro de 2015 DOWNLOAD GRATUITO AQUI VERSÃO IMPRESSA AQUI Expediente Edição: Carlos Gomes Projeto gráfico: Fernanda Maia Artista convidado: Gilvan Barreto Jornalista responsável: Marina Suassuna (DRT 5556-PE) Textos e mediação do debate: Carlos Gomes e Marina Suassuna Colaboradores: Bernardo Oliveira, Bruno Vitorino, Débora Nascimento, Fernando Athayde, Fred Coelho, Gabriel Albuquerque, Kiko Dinucci e Rafael de Queiroz. Fotografia: Camila van der Linden Incentivo: Funcultura (Governo do Estado de Pernambuco) Apoio: Cepe, Orbe…

8 de setembro de 2015 /

por Bernardo Oliveira. Entrecrítica é uma crítica construída sobre uma conversa entre o crítico e o artista. De Baile Solto pode ser descrito a partir da consolidação de um longo processo de descolonização: vivificar ritmos, territórios, visões do paraíso, processos imaginativos, tecnologias particulares que, longe dos refletores, pareciam definhar. O ambiente do qual os vídeos no Youtube são testemunha (procurem, por exemplo, a sambada que reúne Mestre Anderson Miguel e Mestre Dedinha) não escondem aquilo que o trabalho de Siba…

28 de maio de 2015 /

por Bernardo Oliveira. Em setembro de 2014, por ocasião de sua última passagem pelo Rio de Janeiro, o baterista anglo-norueguês Paal Nilssen-Love ministrou dois workshops na Audio Rebel, estúdio localizado no bairro de Botafogo onde ocorre o Quintavant, evento que produzo juntamente com Pedro Azevendo, Renato Godoy e Alexander Zhemchuzhnikov. O evento não poderia ser mais oportuno, pois há pelo menos quinze anos Nilssen-Love vem acumulando uma vasta experiência no terreno da improvisação livre, destacando-se por sua atuação em grupos…

3 de dezembro de 2014 /

por Raquel Monteath. “Perceber no escuro do presente essa luz que procura nos alcançar e não pode fazê-lo, isso significa ser contemporâneo.” (Giorgio Agambem) Quando um som ultrapassa seus próprios limites sonoros, é hora de fazer um festival. Incumbidos de ideias parecidas com essa, alguns produtores brasileiros resolveram ampliar seus limites audíveis, assimilar o crescimento mundial de um tipo específico de música e produzir festivais com linguagens mais audaciosas. Transcendência, erros e texturas fazem parte do know-how desses festivais, que…

16 de setembro de 2014 /

por Bernardo Oliveira. A utilização constante e acrítica da expressão “cena” em língua portuguesa, corresponde, na minha opinião, à situação precária do jornalismo cultural brasileiro e, particularmente, da crítica musical. Certamente, já devo ter utilizado essa expressão algumas vezes, tal como nos acostumamos a usar expressões consolidadas por um vocabulário de séculos passados (“obra-prima”), expressões contextuais mais recentes (“heavy metal”, “indie”) ou até mesmo expressões muito recentes que se consolidam não a partir de sua eficácia, mas justamente em função…

19 de agosto de 2014 /

por Bernardo Oliveira*. Finalmente assisti ontem ao show do Siba, relativo ao disco Avante, de 2012. Difícil descrever o tamanho do acontecimento. Avante representa um terceiro momento na carreira de Siba — considerando sua trajetória desde o Mestre Ambrósio até a fuga para a Zona da Mata, momento que rendeu a obra-prima Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar (2008). Repleto de sutilezas e sacações, Avante ainda não foi devidamente decodificado e interpretado pela crítica…

8 de agosto de 2014 /

por Carlos Gomes. I – limbo emergiu, Volto ao tempo em que o álbum limbo era uma obra em progresso. Releio com certa curiosidade o ensaio “do absurdo ao limbo” e investigo que expectativas eu tinha para o próximo disco da Rua. Eis um trecho: “Irmos do absurdo ao limbo (próximo disco da banda) será como propor um entrelugar estético para novas jornadas e experiências. As faixas pré-mixadas de limbo que chegaram até mim são recompensas para os ouvintes que…