Foto de capa: Turunas da Mauricéia. Anúncio no Correio da Manhã (RJ), 06 de fevereiro de 1927. O período compreendido entre 1927 e o início da década de 1930 é certamente um dos mais complexos e decisivos para a história da música brasileira registrada em discos. É um momento marcado pela aposta da indústria cultural na absorção e divulgação de um espectro mais amplo da imensa diversidade estética brasileira, como também pela expansão do alcance territorial e das possibilidades técnicas…
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Em 1922, com a chegada dos Turunas Pernambucanos à cidade do Rio de Janeiro, inicia-se a segunda onda de música nordestina a tomar conta do Sudeste do país: uma consequência direta do sucesso e influência de artistas como João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense no ambiente cultural carioca, desde a primeira metade dos anos 1910. O auge desta onda se dá entre os anos de 1927 e 1929, com a chegada à capital federal de mais dois conjuntos igualmente…
Este texto é o primeiro de uma série de oito artigos que propõem o levantamento de uma discografia da música produzida por compositores e intérpretes nordestinos, partindo da fase inicial da indústria fonográfica brasileira, em 1902, e chegando até o final do século XX. Não se trata de uma lista de “melhores discos”, nem mesmo de uma discografia técnica e definitiva sobre o tema – o que seria dificílimo, ou mesmo impraticável, com o espaço e os recursos disponíveis em…
por Carlos Gomes. Os olhos estão cada vez mais negros. Escutar é fitá-los sem receio deles nos atravessarem. A voz concentra e expande um punhado de palavras e imagens como rebentação. Estar em seu contato é saber-se perto do precipício. Como de costume, a cantora, compositora e percussionista Alessandra Leão envolve o ouvinte num emaranhando de referências vivas e estimulantemente passíveis de manipulação, não no sentido de pejorativo do termo, mas como matéria-prima para a criação. É ela mesma o…
por Karol Pacheco. Nem tudo é folia. Enquanto uma gorda fatia do show business é controlada por órgãos públicos através de práticas questionáveis, uma multidão de artistas que vive da música, apenas sobrevive dela. Há mais de 65 anos, Theodor Adorno e Max Horkheimer criaram a expressão “indústria cultural”, cuja ideia central aponta que, no capitalismo, a cultura tende a ser tratada como mercadoria. Leonardo Salazar, empresário artístico e instrutor setorial de cultura do Sebrae, considera que a atividade musical…
por Rodrigo Caçapa. Qualquer reflexão ou diálogo a respeito da música tradicional do Nordeste brasileiro esbarra imediatamente no problema da própria denominação do objeto. Música de tradição oral, música tradicional, música de rua, música de terreiro, música regional, música de raiz, música folclórica, ou cultura popular. Nenhum desses termos é capaz de abarcar a imensa diversidade estética desse universo, nem dar conta das particularidades históricas e da complexidade dos contextos culturais nos quais essas músicas são cultivadas. Seja qual for…
por Carlos Gomes. No campo da reflexão cultural sobre a música popular brasileira, chega a ser contraditório o amplo espaço que os estudos sobre a música alcançaram nas mais diferentes áreas acadêmica do país, se contrastarmos essa visibilidade com o esvaziamento do debate cultural nas mídias impressas, como jornais e revistas. Cursos de pós-graduação em Letras, Comunicação, Ciências Sociais, Antropologia, História, entre outros, têm tido na música brasileira um vasto campo de possibilidades para o desenvolvimento crítico. Seria mais que…
por Carlos Gomes. “A música modal é a ruidosa, brilhante ritualização da trama simbólica em que a música está investida de um poder (mágico, terapêutico e destrutivo) que faz com que a sua prática seja cercada de interdições e cuidados rituais”. (José Miguel Wisnik) Na última sexta-feira, dentro do projeto Amplifica Castro Alves, a cantora e compositora Alessandra Leão, na companhia dos músicos Caçapa, Hugo Linns e Rodrigo Samico, fez o seu último show na cidade do Recife, antes da…
por Carlos Gomes. Uma queixa geral entre músicos e produtores culturais é a falta de espaços de pequeno e médio porte na cidade para apresentações musicais. O projeto “Amplifica Castro Alves”, na Galeria Café Castro Alves, na Rua Capitão Lima, em Recife/PE, pretende ser mais uma opção de espaço para a música autoral na cidade. Com capacidade para 55 pessoas, o espaço receberá diversas atrações, sempre às sextas-feiras, às 20h. A estreia será já na próxima sexta, com show de Juliano…
O universo da viola é absolutamente sedutor. E imenso. Desde a variedade da feitura do próprio instrumento, passando pelo mundo infinito de afinações. Até a terminologia é saborosa: viola de arame, viola de cocho, afinação rio acima, rio abaixo… Vai longe. Caçapa consegue acrescentar ainda mais história a tudo isso. No álbum Elefantes na Rua Nova (2011), ele usa uma linda viola dinâmica de 10 cordas – uma peça criada em São Paulo e importada pelos cantadores e repentistas que…
Faça o download da coletânea + ensaios aqui. APRESENTAÇÃO Estamos em Pernambuco, há música, crítica e todos os tipos de desencontros. Os espaços de escuta estão escassos. Como sempre, cenas culturais deglutindo e implodindo gerações. Umas após as outras. Os meios impressos não criam mais tensões, mas circulam sobrevivendo entre os escombros. Há um sorriso terno na boca do artista. O Estado controla, ou melhor, procura controlar, catalogar, filtrar e editar a criação. A arte resiste a isso tudo, é…
Lançaremos no dia 11.09, às 19h30min, no Teatro Arraial, a coletânea musical no mínimo era isso, que reunirá faixas de 10 bandas de Pernambuco, além de um livreto com ensaios sobre as bandas selecionadas. Alguns desses artistas estarão presentes com faixas inéditas, é o caso de Isaar, Rua, Mojav Duo, Team.Radio, Glauco César II e Caramurú. Já os músicos Paes, Walter Areia, Caçapa e Hugo Linns apresentarão faixas de seus últimos trabalhos. No time de críticos, há jornalistas de Pernambuco,…