Tag: ensaio

3 de dezembro de 2021 /

Ler on-line | Download O professor e pesquisador Thiago Soares lança a segunda edição, virtual e ampliada, de “Ninguém é perfeito e a vida é assim”: a música brega em Pernambuco (2021) em que une a escrita jornalística à acadêmica para debater sobre o brega pernambucano, de modo que analisa a música, a moda, estilos e demais aspectos culturais e sociais desse gênero popular híbrido. Na nova edição reconfigurada, foi acrescentado o capítulo “No dia Bregafunk, a racialização do brega”. …

7 de julho de 2020 /

O corpo. A familiaridade da expressão é tão palpável quanto o incômodo que sempre aparece quando me deparo com ela. Quer soar sólida, concreta, transparente. Mas me parece inadequada, enganosa e equivocada para além de qualquer solução possível. Talvez eu esteja falando dos limites da própria linguagem. Talvez me incomodasse menos se não fosse algo tão básico. Toda vez que sai da minha boca, sinto a culpa de dizer uma mentira. O corpo, assim único, existe apenas como instrumento de…

29 de novembro de 2019 /

Uma maré, maré erê. Uma, filha, criança, erê. Menina, negra, mestiça. Filha de preta, amazonina.  As crianças das favelas. A maré das crianças. Imagens que circundam a minha cabeça. Na favela da Maré, o mar é de sangue e amar é de morte. A beleza pura da vida, da bala doce, e a tragédia da bala que canta, rasgando o som, tombando do céu, no coração, na testa, na espinha. Infesta, em festa. Trança se inicia com esse canto dos…

18 de fevereiro de 2019 /

Eu pensei em propor um diálogo aberto com este texto; e, por isso, eu o entendo como uma continuidade de conversas que venho tendo com diversas pessoas e a possibilidade das reflexões serem desdobradas no futuro – inclusive, repensando pontos e abrindo a alma para recuar em alguma coisa dita. Contudo, como conversa que a gente pega pelo caminho, engata um fio e segue articulando junto, este texto tem a proposta de compartilhar um pouco das vivências colaborativas que tenho…

16 de fevereiro de 2019 /

“a arte é o que resiste, ainda que não seja a única coisa que resiste”. (“o que é o ato de criação?”, giles deleuze) primeiro movimento — eu não gostaria de catalogar os artistas em “música política”, “canção crítica” ou mesmo me pôr num “tribunal” da crítica pra limitar e colocá-los sobre a mesma seara. mas em síntese, eu penso que há artistas que seguem uma linha reta (“evolutiva?”) na música brasileira, reproduzindo esteticamente via “imitação” – mesmo com algum…

15 de fevereiro de 2019 /

Esse texto emerge de alguns acontecimentos que estão me atravessando nos últimos tempos: o atual momento político no Brasil, minhas vivencias no mestrado na UFBA, a experiência como espectadora do espetáculo “Resistir”. O que tange todas elas? O corpo como política. Uma discussão sobre repetição e sentido. E a resistência como movimento, atuando diante de um sentimento de mal estar. Na minha última coluna no site Outros Críticos falei de improviso. Escrevi a um só tempo.  Em um fluxo contínuo,…

5 de fevereiro de 2019 /

por Carlos Gomes. “Nascer não é antes, não é ficar a ver navios, Nascer é depois, é nadar após se afundar e se afogar.” SARGAÇOS, Wally Salomão temas e fissuras De dentro da sala pouco aconchegante do local de trabalho da personagem a quem iria entrevistar, e que tratarei, neste texto, simplesmente como Ela (pronome pessoal que muitas vezes se acomoda aos corpos por obstinação e força de vontade sem tamanho, como veremos no decorrer dessa escritura, que é como…

5 de julho de 2017 /

Uma série de ações, que incluem desde show, debates e oficinas, fazem parte do “Ciclo de Literatura Afetiva, Expandida, Contemporânea – De Clarice ao pontocom”, idealizado pela produtora Izadora Fernandes e com realização da Formata Cultural. O ciclo começou ontem à noite, com apresentação musical do cantor, compositor e pesquisador Luiz Tatit, de São Paulo. A programação completa pode ser conferida no site formata cultural. tatit e a canção ordinária, quase palavra ao pé do ouvido sobre afetos que se…

4 de maio de 2017 /

Difícil principiar esta escrita, já tantas vezes enunciada e materializada em fala nas tantas situações de sala de aula, de elucubrações de boteco; nas discussões após apresentações de trabalhos em congressos acadêmicos e bate-papos após espetáculos teatrais. E me delongo neste introito justamente para ganhar tempo e, quem sabe, alguma maior disposição do leitor (Afinal: “palavras sedutoras/ são caminho/ de cativeiro”, Pimentel, Renata. 2015: pg84. In: Denso e leve como o voo das árvores). Já me anima fundamentar um argumento…

20 de dezembro de 2016 /

Minha primeira lembrança musical remete à canção “Aos Pés da Cruz”, dos compositores Zé da Zilda e Marino Pinto. Não a formidável gravação de Orlando Silva que tocava sempre em casa, mas a inesquecível performance de meu pai lavando louça. Sendo esta sua única tarefa doméstica, meu pai a desempenhava com indisfarçável entusiasmo, desfilando um precioso repertório que ele aprendeu ouvindo rádio durante sua infância e adolescência entre as décadas de 1940 e 1950 na Bahia. Influenciado pelos grandes cantores…

14 de dezembro de 2016 /

preparação não seria possível isolar um pretenso texto que partiria da obra sonora delivered in voices – exposta e vivida como residência artística por diversos músicos e artistas durante a última edição do festival novas frequências, no rio de janeiro, em dezembro de 2015 – do fato de seu criador, o artista visual tunga, ter falecido enquanto a estrutura deste texto ainda não estava totalmente erguida. a preparação se dava no contato mais direto com aquela obra, no que era…

3 de julho de 2016 /

Bem que poderia ser um cigarro Hollywood, aquele branquinho que pedi a você assim que sentamos no chão, no backstage do Rec-Beat, para conversar. A tarde tinha acabado de começar e você havia acabado de sair da passagem de som. Estávamos lá, ao invés das ladeiras e suores e amores de Olinda, numa segunda-feira de Carnaval. Nós, a banda e um punhado de seus fãs. Punhado vem de mão, de punho (contava-se nos dedos os destemidos dos raios ultravioletas). O…

3 de julho de 2016 /

De Feira de Santana para o palco do Rec-Beat, o canto de Russo Passapusso já ecoou de maneiras distintas. Em 2011, a primeira vez do baiano no Recife foi carregada de timbres e frequências graves. Tratava-se de seu trabalho à frente do Baiana System, que ressignificava matrizes de samba com matrizes de reggae, atreladas à cultura do bemba style, música eletrônica, guitarrada e axé. Passada a primeira experiência, retornar ao mesmo palco quatro anos depois, na 20ª edição do festival,…