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21 de julho de 2015 /

por Outros Críticos. A seção Crítica de Boteco, da revista Outros Críticos, promove a cada encontro um debate sobre temas abordados na revista. Com o tema “Ruínas e Cultura”, esta edição foi gravada no bar e restaurante Aroeira, no Pátio de São Pedro, em Recife-PE, com a artista visual e pesquisadora Bruna Rafaella Ferrer e o jornalista Renato Lins. A mediação do debate foi feita por Karol Pacheco e Carlos Gomes. Ainda contamos com o registro fotográfico de Igor Marques.…

5 de junho de 2015 /

por Carlos Gomes. A música para Hugo Linns é um estado de vigília. Permanentemente um solitário colhendo as influências que o cercam e reconstruindo uma tradição que não é autorreferente, mas contaminada pelas coisas do mundo. O silêncio dos mais velhos que, mesmo negado, incomoda, mas estimula as experiências para com a música, não dá aos mestres o direito de apontar os caminhos a se seguir – os sons da viola não são rupturas, mas desvios de rota, ou mais,…

15 de abril de 2015 /

por Carlos Gomes. Os olhos estão cada vez mais negros. Escutar é fitá-los sem receio deles nos atravessarem. A voz concentra e expande um punhado de palavras e imagens como rebentação. Estar em seu contato é saber-se perto do precipício. Como de costume, a cantora, compositora e percussionista Alessandra Leão envolve o ouvinte num emaranhando de referências vivas e estimulantemente passíveis de manipulação, não no sentido de pejorativo do termo, mas como matéria-prima para a criação. É ela mesma o…

6 de abril de 2015 /

por Carlos Gomes. Paulo Paes transita entre Recife e Olinda. Suas canções rebatem uma lírica afetuosa repleta de cores cinzas – como ruas, ruído, fumaça e solidões – num mar imenso, verde, azul e ensolarado. “Porque o samba é a tristeza que balança.” E ao identificar sua trajetória artística entre essas duas cidades, com seus avessos, suas particularidades e poéticas próprias, Paes assume o risco e faz da música um estado híbrido e transitório. Seu canto aguça os ouvidos e…

3 de março de 2015 /

por Carlos Gomes. A banda Rua é envolta em interdições. Quantos são? Onde vivem? O que cantam? A espacialidade é um conceito que ultrapassa as questões sonoras. Falar de música é compreender as interrupções e silêncios que existem em volta deles. Criar é muito mais que o ato mero de compor desesperadamente uma canção. Inventar espaços de escuta, escrita, imagem, audiovisual e dança são as formas que a banda encontra para diminuir as distâncias, romper com as fronteiras artísticas que…

13 de fevereiro de 2015 /

por Carlos Gomes. Jam da Silva não foi encontrado. A personagem que arquiteta canções que não se vinculam estritamente a características de um estilo, categoria, gênero ou mesmo de uma cena musical, se desfaz com naturalidade das expressões preconcebidas que perseguem alguns músicos. Este grande guarda-chuva da World Music, preguiçoso e acrítico, nunca pôde o acobertar. Jam não tem tido tempo para se resguardar sobre qualquer cobertura que seja. É nômade, mas não estrangeiro. Porque o estrangeiro finca raízes na…

15 de janeiro de 2015 /

por André Dib. Após estreia sete vezes premiada no Festival de Brasília e lotação no Cinema São Luiz no último Janela Internacional de Cinema, o longa pernambucano Brasil S/A ganha novo fôlego: acaba de ser selecionado para a mostra Forum do 65º Festival de Berlim. Como define o próprio festival, o Fórum Internacional do Novo Cinema (nome não abreviado) é a parte mais ousada da Berlinale, dedicada a “avant garde, trabalhos experimentais, ensaios, observações de longo prazo, de cunho político…

21 de novembro de 2014 /

por Carlos Gomes. Neste exato momento, enquanto escrevo, enquanto você lê, cai por acaso nesta página, Juliano Holanda está compondo uma nova música. Uma que talvez nunca escutemos, já que pode ser desde uma melodia, pedaço de letra, harmonia que seja. A arte de Juliano está em compulsivamente criar; o prazer incide nessa ação natural de quem vê na música muita mais que uma profissão. Não são músicas para o mercado. Tantas criações justificam o número considerável de canções gravadas.…

29 de setembro de 2014 /

por Carlos Gomes. O músico, ilustrador, designer e contador de estórias Matheus Mota está perdido. E é essa perdição que dá sentido à sua música. Se a autoironia narrativa do primeiro disco, com suas impressões pianísticas dos barulhos de rua do Recife inventário que ele mesmo criou, lhe pôs numa cadeira que ninguém havia ousado sentar na cena musical contemporânea de Pernambuco, foi preciso perceber que há poucos alunos em sua sala. Ouvindo as músicas de seu novo álbum, se…

22 de agosto de 2014 /

por Carlos Gomes. A cantora e compositora Isaar vem construindo sua trajetória artística de uma forma eminentemente autoral. Cada canção, arranjo, escolha estética, tem a mão firme da artista que, ligada às tradições culturais de sua terra, tem procurado ampliar sua musicalidade, sem que isso signifique virar as costas para o passado. O álbum “Azul Claro” foi, de certa forma, um marco nesse caminho. As primeiras audições de “Todo Calor”, sua sonoridade pop, com pequenas invenções no arranjo, sobretudo pela…

20 de agosto de 2014 /

por Carlos Gomes. O impacto que é assistir aos shows de Aninha Martins, sua expressividade, a naturalidade com que se arrisca ao cantar, doando-se sem medida num metro de palco rodeado de barulho que seja, ou no mais profundo silêncio daqueles que esperam da música uma revelação, tem na expressão catártica que emana das vozes do corpo dela, um dos muitos sentidos a que podemos atribuir, sem medo, do que seja a arte. A conversa que tive com ela me…

15 de outubro de 2013 /

São diversas as formas e estratégias de preparação de um festival de música. “A noite do desbunde elétrico” e o “No Ar – Coquetel Molotov”, respectivamente, com 07 e 10 anos de existência, são opostos (seja pela proposta curatorial de ambas, estrutura, acesso à editais de fomento, patrocínios privados, público etc) que neste ano se atraem. Nessa décima edição do festival organizado pelo Coquetel Molotov, ambas as maneiras de lidar com a cena musical de Recife se encontram de maneira…

30 de setembro de 2013 /

Os festivais de música quando enraizados na vida cultural de uma cidade, criam em torno de si uma identidade que atrai um público interessado em dialogar com as ações que ele promove. O encontro entre artistas, público e agentes culturais (produtores, críticos, jornalistas etc) não existe apenas em função do instante catártico que é a apresentação musical. A construção da identidade de um festival se realiza muito antes, e deve permanecer em diálogo durante todo o ano, para que o…