Acredito que Cosmograma, primeiro disco da banda pernambucana Cosmo Grão, sinaliza a consolidação de uma forma de enxergar o rock n’ roll ascendida na década de 2000: guitarras afinadas em ré ou dó, inúmeros pedais de fuzz, variações bruscas de dinâmica e andamento e intervalos melódicos de quinta diminuta, nona e cromatismos. Além disso, a estreia do quarteto instrumental formado por bateria, baixo e duas guitarras evoca alguns sentimentos e sensações perdidas durante a transição da etapa de composição e…
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Superfícies (2016), híbrido de livro de contos/fotografia e disco, lançado pelo carioca Leonardo Panço, é uma obra que se destaca pelo formato inusitado e pela chance de abrir portas para que o leitor/ouvinte conheça o funcionamento da mente do artista. Há quem possa categorizá-la como multimídia, mas acredito que a ‘mídia’ aqui seja só o plano onde se revela uma reflexão situada originalmente na psiquê do próprio Panço. Seja isso bom ou ruim. Composto por vinte e um temas instrumentais,…
.Anganga, o novo trabalho do músico Cadu Tenório em parceria com Juçara Marçal, é como uma voadora de pés juntos bem na ‘caixa dos peitos’. São oito faixas criadas a partir de uma investigação conceitual que funde a experimentação sonora ao resgate de forças culturais oriundas da passagem entre os séculos 19 e 20. Devastadora, a sonoridade ruidosa do álbum evoca o transe no ouvinte, como a mão de um sacerdote católico ortodoxo que mergulha a cabeça do fiel repetidas…
por Fernando Athayde. Ruivo em Sangue, terceiro disco do produtor e compositor paulistano Gui Amabis, surge a partir de uma construção estética que alia de forma precisa a poesia à experimentação harmônica/melódica. A impressão após a primeira audição do novo trabalho de Amabis é que o músico parece ter alcançado uma linguagem singular na construção de suas composições. Se sua voz é um elemento onipresente e invariável, que usa sobretudo da palavra para mediar a dinâmica entre as canções, todo…
por Fernando Athayde. Saturno Retrógrado, quarto disco do compositor pernambucano D Mingus, é um caminho alternativo às vias de acesso às possibilidades estéticas tomadas pela maioria dos artistas brasileiros. Assumido formalmente como um álbum, o trabalho mantém o pé no chão ao longo de suas doze canções e desperta no ouvinte a percepção de algumas das pulsões que levam o artista a mergulhar no abismo da criação. Sem nunca se deixar abater pelo glamour tangente à empunhadura de uma guitarra,…
por Fernando Athayde. Após assistir às apresentações dos paulistanos do Bixiga 70 e dos compositores pernambucanos Lira e Tagore no último dia 15 de maio, na casa de shows recifense Baile Perfumado, a sensação era de inquietude. Enquanto as três performances se distanciavam umas das outras por abismos de possibilidades estéticas, o público não parecia estar ali para realmente encará-las como manifestações artísticas. Eventos “open bar” têm dessas coisas. Se a plateia revê os amigos e confabula sobre a vida…
Os músicos Joaquim Francisco (Bateria) e Fernando Athayde (Guitarra), ex-integrantes da banda instrumental Fitrah, decidiram continuar juntos depois do término da banda. O duo instrumental Yeti acaba de lançar três registros musicais e audiovisuais gravados no estúdio Casona. Intitulado Terminal, as canções foram mixadas e masterizadas por Roberto Kramer, com vídeos feitos em colaboração com Evandro Lins, Dandara Palankof (captação de imagens), Marina Silva e pelo próprio músico do Yeti, Fernando Athayde (edição). O duo “optou por nomear este trabalho inicial…