Uma maré, maré erê. Uma, filha, criança, erê. Menina, negra, mestiça. Filha de preta, amazonina. As crianças das favelas. A maré das crianças. Imagens que circundam a minha cabeça. Na favela da Maré, o mar é de sangue e amar é de morte. A beleza pura da vida, da bala doce, e a tragédia da bala que canta, rasgando o som, tombando do céu, no coração, na testa, na espinha. Infesta, em festa. Trança se inicia com esse canto dos…
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CAMINHAR* A arte seria garantia de sanidade? Desculpe-me, madame Bourgeois, não estou certa disso. A vida, e a espécie humana herdeira de emanações interestelares, precede a arte. Pois, se a arte é via para bem-estar e alívio imediato, é também indício da existência limitada em que nos metemos. Parece simpática, e lógica, a ideia de que toda prática artística tenha como ponto de partida uma intenção existencial. Nesse sentido, a arte antes de produzir objetos carregados (signos), é uma forma…
a escrita de rodrigo campos sobre suas próprias canções alarga a experiência da escuta e compreensão da obra para espaços que frequentemente são mais nebulosos ou mesmo íntimos, reclusos no lugar em que habita o processo de criação do artista, ou mesmo dos outros músicos que dialogam com ele. esse movimento reflexivo desdobra numa outra linguagem (a escrita) o ímpeto pela criação. lugares-comuns são quebrados por essa ação. sim, criação e crítica podem andar juntas. a crítica do artista não…
a dicção permanece em marcha circulando entre os temas ordinários que são suas canções. a sua fala-canto é essa dicção extra-ordinária, pois entre a voz, o piano e o texto, o mal-dito se torna visível a olhos nus. como o ordinário continuamente se desloca por sua dicção, é possível que suas composições continuem invisíveis para olhos menos acostumados aos mal-ditos. lá de lisboa, é o que ele nos conta de suas maldicções. (c.g.) Bakery People by Glauco César Segundo…