Em 2010, eu acompanhei a turnê Nordeste da banda Labirinto (SP). Após shows aqui em Maceió e em Aracaju, fomos até Recife onde a banda se apresentaria numa prévia do festival Coquetel Molotov. Nesse dia, lembro do Elson Barbosa, grande amigo e criador do netlabel Sinewave, falar sobre uma banda que estava lançando um EP pelo selo dele e que se apresentaria na sequência. A banda era a Team.Radio e o EP era o White Tokio.
Foi engraçado porque quase todos na Labirinto já tinha ouvido falar neles. A Team.Radio já tinha feito turnê em São Paulo e tocado na casa Dissenso, espaço mantido por alguns integrantes da banda paulista. E eu era, acredito, o único que não tinha ouvido falar da banda, mesmo morando vizinho a Recife.
No show, lembro de ter visto uma banda muito jovem que fazia um som que remetia a The Radio Dept e My Bloddy Valentine, em certos momentos, mas que tinha um pé em Recife. Seja no sotaque pernambucano cantando inglês ou no diálogo com a cena indie ou pós-mangue da cidade. Independente do nome dado, era uma banda que dialogava mais com a “herança” do Mellotrons do que com o regional. E isso, de certa maneira, me agradava.
Uma das coisas que sempre admirei no cenário musical de Recife é a diversidade. Claro que longe das propagandas “multiculturais” do governo de Pernambuco. A diversidade musical da cidade que me interessava não tocava no carnaval, não estava no ciclo junino e nem nos shows de fim de ano. Bandas como a Team.Radio, e até o próprio Mellotrons, não encontram espaço nem nas casas de show da cidade.
Em 2011, eu veria outro show deles, sendo que, dessa vez, em Maceió. A Team.Radio participou do festival Maionese, organizado pelo coletivo Popfuzz, que mais tarde iriam lançar, junto com o Sinewave e o RockInPress, o segundo EP da banda, Summertime. Esse segundo disco me acompanhou durante uma boa parte do ano em minhas viagens semanais a Recife. E, curiosamente, um EP intitulado Summertime me faria companhia durante os dias de estrada, embaixo de chuva, na BR-101, no trecho Maceió-Recife. É um pouco de paradoxo, mas era uma música que refletia de certo modo a cidade que eu estava conhecendo. A Recife multicultural, tradicional, cosmopolita, indie, mangue e pós-mangue.
Após o lançamento de Summertime, eu cheguei a produzir uma vinda deles para um show na prévia do festival LAB, em 2011. Nesse show já deu para reparar um certo amadurecimento da banda em relação aos outros shows que eu tinha visto. As influências já estavam mais diluídas e notava-se aqui e ali um flerte com uma música brasileira, não-pernambucana, diga-se de passagem, mas ainda assim nacional do Clube da Esquina. Ao mesmo tempo, percebia-se que algumas músicas se mostravam mais urgentes, mas com um refinamento que o tempo traz. Era pop e era sujo, num bom sentido.
Por fim, eu estive em outro show deles em Maceió, no ano passado. Assim como no show do LAB, comecei a ouvir pequenas amostras do disco que eles estão preparando. Foi a partir daí que comecei a esperar, numa mistura de curiosidade e ansiedade, o primeiro álbum completo da Team.Radio. E talvez você, que esteja lendo esse pequeno ensaio pessoal, possa ter uma surpresa semelhante a que eu tive em 2010 quando parar e ouvir a música inédita deles na coletânea que acompanha essa publicação.
09. Team.Radio – Leaves Falling by outros críticos
Quem sabe você passe a acompanhar uma banda que, assim como todas as outras presentes nessa compilação, surgiu em Recife num período de muito paradoxo. E, talvez por isso, mais empolgante.
por Victor de Almeida.
Publicado originalmente na coletânea no mínimo era isso: 10 bandas, 10 ensaios
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